Os veículos elétricos poderão tornar-se mais baratos do que os veículos a combustão até 2027 devido à redução dos custos de produção, impulsionada pela introdução de novas soluções para a fabricação de baterias e à diminuição dos preços das próprias baterias. Essa é a visão apresentada pela consultora Gartner.

Pedro Pacheco, vice-presidente de pesquisa da Gartner, enfatizou que os veículos elétricos custarão menos para serem produzidos do que os veículos de combustão interna até 2027, graças a avanços nas técnicas de construção e à queda nos preços das baterias. Ele explicou que os custos de produção diminuirão mais rapidamente do que os preços das baterias devido a inovações como o “gigacasting”, que permite a fundição de grandes secções do veículo em uma única peça, substituindo dezenas de soldaduras e agentes de colagem.

Empresas como a Tesla, destacadas por Pacheco e outros especialistas como líderes em inovação na redução de custos de montagem, têm sido pioneiras no uso do “gigacasting”. Segundo Pacheco, a Tesla e outras marcas estão adotando uma abordagem radicalmente nova na fabricação de veículos.

A taxa de adoção de veículos elétricos tem diminuído em vários mercados importantes, incluindo os Estados Unidos e a Europa. Especialistas acreditam que a introdução de novas soluções será crucial para o lançamento de veículos elétricos mais acessíveis.

“Gigacasting” reduz custos até 20%

A técnica de “gigacasting” é capaz de reduzir os custos de produção da carroçaria em pelo menos 20%, conforme afirmado por Pedro Pacheco. Além disso, outras economias podem ser alcançadas ao utilizar o pack de bateria como parte estrutural do veículo.

Embora os custos das baterias tenham vindo a diminuir nos últimos anos, a queda nos custos de montagem é o fator surpresa que acelerará a paridade entre veículos elétricos e de combustão mais rapidamente do que o esperado.

Pedro Pacheco observa: “Estamos a chegar a este ponto de viragem mais cedo do que antecipávamos”. As plataformas dedicadas aos veículos elétricos permitem aos fabricantes projetar linhas de montagem adaptadas às suas características, incluindo uma unidade motriz mais compacta e um piso plano para acomodar a bateria.

Em contraste, as plataformas “multienergia” enfrentam limitações, já que precisam acomodar o tanque de combustível ou espaço para o motor e transmissão.

Vendas de elétricos vão continuar a crescer

Segundo Pedro Pacheco, se e quando essas economias se traduzirão em preços mais baixos dos veículos dependerá do fabricante. No entanto, ele admite que a paridade de preços entre veículos elétricos e de combustão pode ser alcançada até 2027.

Fabricantes recém-chegados, como a BYD e a Tesla, podem reduzir os preços porque seus custos já são suficientemente baixos para não afetar muito suas margens.

A Gartner prevê um forte crescimento nas vendas de veículos elétricos, sugerindo que metade de todos os automóveis vendidos em 2030 serão elétricos. No entanto, Pedro Pacheco observa que o mercado está entrando em uma fase de “sobrevivência dos mais fortes”, em comparação com a fase anterior de “corrida ao ouro dos elétricos”.

Ele descreve o ano de 2024 como um período de transição no mercado europeu de veículos elétricos, com marcas chinesas como a BYD e a MG estabelecendo suas redes de vendas, enquanto fabricantes estabelecidos como a Renault e a Stellantis lançarão modelos com preços mais acessíveis.